Sem visitas, presos pagam até R$ 150 por um pacote de fumo em presídio no Piauí

A suspensão das visitas nos presídios do Piauí devido à pandemia tem dificultado, cada vez mais, a entrada de ilícitos e elevado o preço do comércio ilegal entre os presos.
créditos: cidadeverde.com

 

A suspensão das visitas nos presídios do Piauí devido à pandemia tem dificultado, cada vez mais, a entrada de ilícitos e elevado o preço do comércio ilegal entre os presos. Na tarde deste sábado (08), policiais penais flagraram mais um arremesso de drogas na Penitenciária Mista de Parnaíba, no litoral do estado. No pacote, um 'combo típico': maconha, isqueiro, fone de ouvido e fumo que, de acordo com o Sindicato dos Policiais Penais do Estado do Piauí (Sinpoljuspi), seria vendido entre os detentos. Para se ter uma ideia, como é proibido fumar dentro da unidade prisional, um pacote de fumo tem se tornado 'artigo luxo' e é vendido até a R$ 150. O preço de mercado, em média, é R$ 5.

"É proibido fumar dentro do presídio, mas existe o vício e eles fazem de tudo para burlar a fiscalização. Esse material que os policiais penais têm interceptado, geralmente, seria vendido. Temos observado que eles têm comercializado fumo porque é mais barato que uma pedra de crack, por exemplo. Enquanto uma pedra do tamanho de uma cabeça de fósforo é vendida a R$ 50, uma bolinha de fumo custa R$ 10. Os policiais penais penais fazem de tudo para evitar, mas o presídio está superlotado ", conta José Roberto, presidente do Sinpoljuspi.

Ele destaca o empenho dos policiais penais em coibir a entrada de ilícitos que, algumas vezes, chegam aos presos por meio das visitas que ocultam o material em partes íntimas. Por outro lado, José Roberto diz que o efetivo é minímo e a superlotação em Parnaíba já chega a quase cinco vezes a capacidade.

O arremesso do material ilícito foi flagrado por câmeras de segurança. Ao perceber a movimentação estranha, os policiais penais saíram em perseguição aos suspeitos que estavam em uma motocicleta.

"Logo que nos viram, eles abandanoram a moto e saíram a pé em direção ao rio, pois é uma rua sem saída. Apreendemos a moto que é lícita, registramos Boletim de Ocorrência e apreendemos o material que foi arremessado. Pelas câmeras, observamos que já havia um preso esperando para receber esse material, mas devido ao nosso baixo efetivo ou os policiais iam atrás de quem arremessou o material ou verificavam quem era o preso", informou José Roberto, presidente do Sinpoljuspi.

Em Parnaíba, de acordo com o Sindicato, a capacidade é para 136 detentos. Atualmente, 620 estão no presídio.

Sobre o baixo efetivo de policiais penais, José Roberto destaca que a pandemia da Covid-19 tem agravado a situação. Ele lembra ainda que há 50 aprovados em concurso público em 2016 e que, até agora, não foram nomeados.

"Temos baixas diárias, seja por aposentadoria, amigos que se afastaram por causa da doença ou mesmo que perderam a vida pela Covid-19. Hoje mesmo perdemos o terceiro policial penal pela covid", lamentou Roberto. Para os policiais penais, o Governo do Estado anunciou a liberação de 489 doses da vacina.

O Cidadeverde.com entrou em contato com a Secretaria de Justiça do Piauí (Sejus) que se posicionou sobre a superlotação no presídio.

"Acerca da quantidade de presos na Penitenciária Mista Juiz Fontes Ibiapina, em Parnaíba, a Secretaria de Estado da Justiça reconhece a lotação da unidade acima do ideal, no entanto, ressalta que é uma situação inerente ao sistema brasileiro como um todo. Para a região, uma nova unidade penal deverá ser construída no município de Bom Princípio do Piauí que deverá suprir as necessidades da região Norte do Estado no tocante a novas vagas", disse a nota.

 


COLUNISTA
Eudes Martins
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