RASPA DO MAMELEIRO, A COLETÃNEA

Terceiro livro da série
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 Por que ‘RASPA DO MAMELEIRO’?

O Marmeleiro ou Mameleiro, como chamavam os antigos, foi uma planta endêmica por toda a extensão da freguesia de Matões (atualmente município de Pedro II), até os primórdios do século XVIII. Servia para tudo. Ainda hoje o Mameleiro pode ser encontrado e nos fornecer a saúde de corpo e de alma de que tanto necessitamos às vezes. O município de Pedro II deve muito ao Mameleiro e por isso tomamos de empréstimo seu santo nome para batizarmos essa antologia, aceitando a sugestão da professora Doutorana em Literatura, Assunção de Maria Sousa e Silva, da UESPI de Teresina. O Mameleiro, também conhecido como “Marmeleiro Brabo’, ou Mameleiro pode ser assim classificado cientificamente: Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae); Classe: Magnoliopsida (Dicotyledonae); Ordem: Polygonales; Família: Polygonacess; Gênero: Ruprechtia; Espécie: Ruprechtia/axiflora (in: Mart.; Fl. Bras. 5(I)56, (1855)). Etimologia: o nome genérico Ruprechtiaé é uma homenagem ao botânico checo Ruprests; oepíteto específico laxiflora é porque tem as flores muito afastadas uma das outra. Casca: com até 11 mm de espessura. A superfície da casca externa é cinza-escura, pouco áspera e dura, com fissuras longitudinais irregulares e fissuras horizontais finas, dividindo-se em placas retangulares, pequenas, que se desprendem facilmente ao serem retiradas. A casca interna é alaranjada a alaranjada-rosada. Para nossos ancestrais a raspa do Mameleiro servia para se fazer infusões na cura de gripes e resfriados, cortes e arranhões na pele, ‘fazer cheiro bom dentro de casa’. A varinha de Mameleiro servia para dar umas ‘sovas boas nos meninos danados’, para pescar nos rios... ‘E para muitas outras coisas o Mameleiro servia’.
Dona Raimunda, mãe da filha de santo Sebastiana Formiga, já bem velhinha, sentada num cepo no terreiro da casa onde cozinhava uma ruma de raspa de Mameleiro, costumava dizer, se rindo para o pessoal da redondeza: “Sem a raspa do Mameleiro, meuzifii, nóis num ‘semo’ ninguém, he, he, he... Num é mêmo?”. Ela própria descendente de indígenas, olhos cor de mel, cabelo escorrido. Assim, ao trazermos poeticamente o Mameleiro para batizamos um livro de literatura, chamarmos atenção para o fato de que não podemos negar nem esquecer nosso passado e a luta dura de um povo, o pedro-segundense, na construção de seus sonhos.
A palavra antologia (ανθολογία - em grego) significa ‘coleção de flores’, mas que pode ser também uma coleção de trabalhos literários (ou musicais) agrupados por temática, autoria ou período de tempo. No caso específico, esta antologia tem como objetivo maior devolver ao povo pedro-segundense através da poesia e da prosa de alguns de seus filhos um esboço literário do que somos ou pensamos ser enquanto povo. Boa leitura.
Ernâni Getirana

COLUNISTA
Ernâni Getirana
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